quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Bruxas, fadas e milhões de contos


Falar de enriquecimento ilícito por parte de titulares de cargos autárquicos, sejam estes de natureza política ou técnica, remete-nos sempre para o campo das personagens míticas que preenchem as histórias de encantar.
Se estão por provar (o que é diferente de dizer que não existiram) casos sobre os quais se suspeita poder ter ocorrido enriquecimento ilícito, não deixa de saltar à vista que certos negócios e fortunas merecem uma ampla e clara justificação por parte dos visados.
Pode-se dizer que, também em relação a estes fenómenos, “yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay”, e, nesses casos, até parece haver uma espécie de fadas-madrinhas que dotam certos protagonistas dos dons de Midas à nascença das suas vidas autárquicas.
Atento a tais factos, o que me parece premente é que, para lá dos princípios e valores que devem reger a conduta de cada indivíduo, os titulares de tais cargos criem os mecanismos necessários para reduzir os riscos de ocorrência de processos menos éticos ou transparentes, seja no relacionamento das autarquias com terceiros, no domínio da contratação pública ou da gestão dos processos urbanísticos.
Porque, voltando ao reino dos contos e da ficção, cidadão algum, de qualquer cidade ou País, se orgulha de ser governado por uma reencarnação factual ou construída de um Ali Babá.
Em Braga, os dados vindos a público nas páginas do Correio da Manhã desta semana nada esclarecem sobre a conduta dos visados, como não o fizera o arquivamento da investigação que se arrastou inerte por oito longos anos.
Mas, neste País das Maravilhas, quem será a Alice?

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