domingo, 10 de maio de 2009

Virar de página


A conciliação da vida pública com a vida privada e familiar, no que concerne ao escrutínio popular a que se é exposto, é porventura uma das dificuldades com que se depara qualquer titular de cargo público ou governativo, mas que deve ser entendida como natural sempre, e só nesses casos, que tal escrutínio resultar da interacção da última com a primeira componente.
Em Braga, para conhecimento antigo dos residentes e recente de todo o País, sucedem-se as situações que mereceriam um esclarecimento cabal por parte dos envolvidos, muito para lá do que a lei impõe, no que concerne às relações da Câmara Municipal com familiares de Autarcas e destes com outros agentes da sociedade civil.
São negócios estranhos e incompreensíveis à luz das condições de mercado; são opções dúbias de negociação da Autarquia com particulares; são comportamentos negligentes e permissivos da Câmara para com certas empresas; são processos de nomeação/contratação mal explicados.
Tudo por justificar, até porque a lógica de pretensa vitimização se sobrepõe à salvaguarda da transparência e da credibilidade das instituições.
Também por isso, num destes dias de paternidade renovada, dava por mim a pensar que ainda que nada disto volte a acontecer no futuro, mesmo que eu cumpra o limite legal de três mandatos à frente da Câmara Municipal de Braga, terei que estar preparado para o que virá.
Até porque, com qualquer lógica insidiosa, não faltará quem tente ver uma prática de benefício pessoal na utilização de certos meios e recursos públicos.
E quase adivinho o texto da notícia: “Ricardo Rio foi visto a passear com a família no novo Parque da Cidade em que a Câmara investiu alguns milhões de Euros!..."