sexta-feira, 24 de abril de 2009

O Abril bom


A 24 de Abril de 1974, Portugal era um país em colapso, por força de um modelo de desenvolvimento autárcico e isolacionista e do exaurir dos seus recursos com o prolongamento da(s) Guerra(s) do Ultramar.
Além da revolta das estruturas militares, a Revolução dos Cravos teve na base da adesão popular a insatisfação generalizada com o regime ditatorial e com as suas várias nuances políticas e sociais: as difíceis condições de vida, a inexistência de oportunidades de emprego ou os baixos rendimentos.
Ao quebrar todos estes dogmas e bloqueios estruturais, o 25 de Abril foi, para Portugal, uma verdadeira Revolução.
De então para cá, cumpre recordar as tentativas de instauração de uma sociedade socialista e de um regime sem classes, as iniciativas de nacionalização dos meios de produção e os apelos à destruição de todas as formas de capitalismo, a leviandade na condução do processo de descolonização, ou a derrocada da nossa agricultura, com o arrendamento compulsivo das “terras subaproveitadas” e a Lei da Reforma Agrária.
Progressivamente, porém, o País estabilizou, politica, social e economicamente. Abriu-se ao Mundo pela porta da Europa, reatou relações com os países-irmãos e soube integrar-se como um dos mais dinâmicos parceiros do comércio internacional e como um atractivo destino para os investimentos mundiais.
A bem dos cidadãos, elevaram-se os níveis de prestação de cuidados de saúde e as qualificações decorrentes do ensino e da formação profissional.
O País foi dotado de uma vasta rede de acessibilidades que o rasga e aproxima de lés a lés.
No fundo, progressos de um processo ainda inacabado que se faz também de avanços e retrocessos, ora por displicências próprias, ora por condicionantes do mundo que nos rodeia.Mas, indiscutivelmente, poucos quererão voltar atrás.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Ver o País real


Em qualquer circunstância, gerir os recursos públicos não é tarefa fácil.
Há que escolher entre diferentes alternativas de aplicação de verbas. Há que definir correctamente as fontes de financiamento e a amplitude dos encargos que vamos subtrair aos cidadãos e instituições. Há que ponderar de forma equilibrada o impacto que as nossas opções vão ter sobre as gerações vindouras, seja ao nível dos benefícios de irão usufruir, seja no plano dos encargos que terão que suportar.
E há, finalmente, que atender às circunstâncias próprias de cada momento e que perceber o que é mais prioritário em matéria de intervenção e investimento estatal.
Neste momento em que o País atravessa uma grave crise económica e social, não cabe ao Estado avançar com a dotação de mega infra-estruturas de benefício difuso ou duvidoso, nem muito menos com projectos megalómanos que possam pôr em causa a sua sustentabilidade financeira futura.
È importante reforçar os apoios sociais às populações mais carenciadas. É importante aumentar os meios de coesão territorial. É crucial dinamizar a base económica através de investimentos de proximidade e do estímulo às Pequenas Médias Empresas. É fundamental perceber que investimentos têm ou não um carácter reprodutivo sobre o conjunto da Economia.
Feito tal diagnóstico de forma rigorosa e isenta, perceber-se-á que há investimentos que não podem avançar de todo e outros que devem ser adiados para momento mais oportuno, no respeito pelos princípios antes enunciados.
Actuar em conformidade é ver o Pais real a olho nu e não através dos powerpoints e das montagens multimédia cor-de-rosa do nosso desencanto e da sua irresponsabilidade.