sexta-feira, 13 de março de 2009

Medo de quê?

Medo de morrer, dirá porventura uma significativa maioria das pessoas.
Medo de ficar doente e de não ter cura, não ter meios para se tratar ou ficar maltratado numa qualquer unidade de saúde pública ou privada.
Medo de perder um ente querido, seja ele um familiar ou um amigo.
Medo de perder o que tem, debaixo do colchão, num qualquer banco que vá subitamente à falência ou por via de uma qualquer catástrofe ou acidente que possa destruir um carro, uma casa ou o mais que se tenha acumulado no património.
Medo de uma separação.
Medo de perder o emprego. Medo do chefe. Medo de chumbar no teste. Medo de reprovar de ano. Medo de não ter a média necessária para atingir um certo objectivo.
Medo de viajar. Medo da chuva ou da trovoada. Medo de sufocar com o calor ou de apanhar uma insolação.
Medo de andar em ruas escuras ou mesmo em ruas claras mas desertas em que a impunidade reine. Medo dos ladrões. Medo dos polícias. Medo da Justiça.
Medo da crise e do que ela trouxer. Medo do Governo. Medo da Revolução. Medo da Anarquia. Medo em Ditadura. Ou quase.
Medo de perder o jogo. Medo de perder o tempo. Medo de ouvir o que não se quer. Medo de falar o que não se pode. Medo de fazer o que não se deve.
Medo de cães e gatos. Medo dos “ratos”. Medo de cobras e lagartos. Medo das aranhas e dos leões. Medo dos dragões que convivem no nosso imaginário.
Medo de ficar fechado. Medo de não saber para onde ir. Medo de não ter onde ficar.
Medo de crescer. Medo de mingar.
Em Braga, como em qualquer ponto do mundo, não faltam razões para se ter medo. Daí que, com tantas alternativas, alguém acha que os Bracarenses vão ter medo de mudar?

sexta-feira, 6 de março de 2009

Os "carneiros" e as "ovelhas negras"


A questão da disciplina de voto nos mais diversos contextos de representatividade do tipo parlamentar, seja na Assembleia da República (AR), nas Assembleias Regionais, Municipais ou de Freguesia, é muitas vezes utilizada, até com alguma demagogia, como uma forma de desvalorização do regime democrático e, no caso concreto da AR como argumento para a necessária (mas não por este motivo) redução do número de Deputados.
Segundo tal corrente de opinião, se cada “Deputado” representa apenas a voz do Partido por que foi eleito, para quê manter-se um número tão significativo de representantes quando as decisões poderiam ser tomadas quase em expressão directa do peso eleitoral por um único representante?
È claro que a actual situação acarreta circunstâncias ora publicamente impactantes (atente-se as constantes dissidências da linha “Alegre” do PS na AR), ora circunstancialmente divertidas (como recentemente aconteceu na vitória da Coligação “Juntos por Braga” em certa eleição na Assembleia Municipal, com os votos de Deputados do Partido Socialista local).
Porém, abstraindo-nos de questões que relevem para matérias de consciência (em que eleito algum pode ser sujeito a votar contra os seus princípios éticos e morais), a disciplina de voto é uma exigência do actual sistema eleitoral.
Por maior que seja o valor e notoriedade de cada Deputado individual, ele foi eleito nas listas de um Partido, sendo sempre discutível o que fundamentou a opção do eleitorado. Neste âmbito, o frequente recurso ao estatuto de “independente” é mesmo um acto egocêntrico e democraticamente ilegítimo. Mas que nos leva a perguntar: para quando os círculos uninominais?