quarta-feira, 14 de março de 2012

Futebol agridoce

A oito jornadas do final do principal campeonato nacional de futebol, três equipas seguem na liderança com apenas um ponto a separá-las e com o aliciante de ainda estarem por realizar vários jogos entre elas e entre estas e outros rivais de peso.
Alguns patamares abaixo, o Marítimo, que assinala uma regularidade extraordinária, e o Sporting, que parece voltar ao nível exibicional do Outono depois da longa quaresma Natalícia, prosseguem uma disputa interessante e terão uma palavra importante na luta dos primeiros.
À medida que se desce na tabela, encontramos vários outros clubes que não têm conseguido manter um desempenho consistente mas que, de forma alternada, vão surpreendendo com actuações de excelente nível, capaz de menorizar qualquer dos favoritos antes referidos.
Hoje, é assim impossível dizer se os jogos decisivos serão aqueles que opõem os candidatos ou se a sua força vai ser sobretudo testada na capacidade de cumprir nos desafios teoricamente menos aliciantes.
Pegando nas curiosas palavras de Bruno César após o último Paços de Ferreira-Benfica, o campeonato “está gostoso”, prometendo uma competitividade que, pese embora os incidentes recorrentes da esfera da arbitragem e não só, promete arrastar-se até à última jornada, proporcionando belos espectáculos e uma disputa capaz de reter adeptos, simpatizantes e curiosos até ao último suspiro da prova.
Bem mais abaixo, também a luta pela manutenção seguia interessante, com um leque alargado de clubes separado por um número reduzido de pontos. Com 24 pontos em jogo e com múltiplas partidas entre as equipas abrangidas, esperava-se igualmente um final de prova emocionante e de sofrimento para os vários clubes envolvidos em tal compita.
Do alto da tabela à sua base, o principal campeonato português estava assim a justificar o elevado posicionamento que conquistou no ranking dos diversos campeonatos de clubes nacionais da IFFHS, em que apenas perde para Espanha, Inglaterra e Brasil.
A este nível, há muito que sou defensor do alargamento do número de participantes nesta prova, retomando o formato já experimentado dos 18 clubes. São múltiplas as razões em que sustento tal opinião, desde a salvaguarda do interesse dos adeptos e dos clubes enquanto entidades empregadoras (que são confrontados com um volume excessivo de pausas competitivas – mesmo para os que participam em competições europeias e se mantêm até etapas mais avançadas das Taças nacionais -), quer pelo impulso que tal opção daria para a sustentabilidade financeira dos clubes menores, quer pela convicção de que tal opção não põe em causa o nível de qualidade / competitividade da prova.
Ora, defender tal alargamento em nada coincide com a opção tomada pela Assembleia-Geral da Liga desta semana, que deveria fazer corar de vergonha os seus proponentes e apoiantes. Deliberar, a oito jornadas do final de uma competição, uma medida como a salvaguarda automática da não despromoção de qualquer clube é, sem qualquer exagero, matar a verdade desportiva dessa prova, por muito que se possa afirmar a dignidade e responsabilidade dos clubes e profissionais envolvidos.
Uma tal decisão e as já anunciadas medidas chantagistas em torno da posição dos visados sobre uma reversão de tal medida por parte da FPF merece do principal órgão do futebol nacional uma única e possível reacção: a reprovação taxativa do modelo antes aprovado.
Uma opção que não deve pôr em causa tal alargamento, mas viabilizar a sua concretização através de uma Liguilha a promover nos moldes tradicionais.

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