quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A importância da formação


Quem costuma acompanhar a minha colaboração com este espaço teve já oportunidade de conhecer o meu apoio e compromisso para com as políticas de apoio à formação desportiva, enquanto instrumento de fomento da prática desportiva, de ocupação dos tempos livres e de formação social e humana dos nossos jovens.
Para lá dessa perspectiva de cariz “comunitário”, a lógica da valorização da formação desportiva pode ser também entendida enquanto aposta estratégica na identificação e apoio à afirmação de jovens talentos nas diferentes modalidades desportivas.
Afinal, se é certo que há também exemplos de vocações tardias para a prática bem sucedida de diversos desportos, não é de estranhar que a esmagadora maioria dos atletas que atingem o patamar máximo das suas modalidades a nível competitivo tenham seguido um árduo caminho de prática desse desporto desde tenra idade.
Mas, a juntar a estas duas perspectivas, há ainda que ter em conta a questão da competitividade e da sustentabilidade financeira das próprias colectividades, na generalidade das modalidades desportivas, nomeadamente no que concerne ao seu desempenho nas competições seniores, sejam estas profissionais ou amadoras.
Cada vez mais, as dificuldades económicas inerentes à quebra de receitas publicitárias bem assim como do número de espectadores e associados, limita a capacidade de recrutamento de jogadores de maior valia, obrigando a uma aposta crescente na formação “in-house” de atletas de valor ou na optimização dos departamentos ou áreas de prospecção de jovens talentos.
Mesmo numa lógica estritamente financeira, se olharmos para as modalidades em que a prática desportiva e associa a um forte dinamismo económico – o que varia também de país para país -, o êxito e a sobrevivência de muito clubes assenta na capacidade de recrutarem bons jogadores a custo reduzido, promoverem a sua valorização e concretizarem negócios que proporcionem significativas mais-valias.
No caso de clubes de pequena / média dimensão, um bom negócio numa transferência de um atleta dos seus quadros pode proporcionar uma receita equivalente a todo o orçamento de uma dada época.
Se olharmos para clubes de maior nomeada, a capacidade de rentabilização dos avultados investimentos realizados passa também pela capacidade de geração de significativas mais-valias nas transferências dos seus activos, cuja amplitude será tanto maior quanto menor o custo de “aquisição” dos mesmos, o que remete naturalmente para a necessidade de “comprar bem” ou “formar melhor”.
Não será por acaso, aliás, que a nível internacional e tomando como principal exemplo o que se passa no futebol (embora não em exclusivo nesta modalidade) se vê uma aposta crescente de recrutamento de atletas dos principais mercados fornecedores (África, América do Sul e mesmo os países da segunda linha do futebol Europeu) para engrossar as próprias fileiras das equipas da formação.
Além desse aspecto estratégico há ainda que ter em conta as condicionantes impostas na inscrição das equipas nas principais competições de clubes europeias, como acontece com os requisitos existentes ao nível dos designados “atletas formados localmente”.
Por qualquer das razões anteriores, parece claro que é do interesse de Braga e do Sporting Clube de Braga uma aposta crescente na formação desportiva, capaz de potenciar a realização de mais-valias financeiras e a integração de atletas nas equipas principais.
E, porque não, como agora acontece com a equipa de Juniores, para lutar pela conquista de títulos nacionais…

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