Comecemos pelo óbvio: o Braga é o “clube da
terra” e, enquanto tal, deverá captar o apreço bairrista dos locais, já não com
a condescendência com as agruras de outros tempos mas com a convicção de que
estão de facto a torcer por um dos melhores em todas as competições em que
participa, seja no futebol, seja em qualquer outra modalidade.
È por isso que ainda hoje agradeço a minha
filiação infantil e a presença contínua nas bancadas do 1º de Maio e no Campo
da Ponte ao meu avô, Moura Machado, como espero que um dia também as minhas
filhas me venham agradecer o facto de terem sido inscritas no seu clube de
sempre desde o dia em que nasceram.
E, na mesma linha, é com especial apreço que
acompanho as iniciativas com cariz pioneiro que a Direcção do Clube vem
desenvolvendo junto da comunidade educativa e todas as outras que têm promovido
um estreitamento da relação entre o Clube, os Bracarenses e todos os habitantes
dos concelhos minhotos, região de que o Braga se pode assumir como verdadeiro
representante.
Assim se explica, quase com naturalidade, e em
linha com o crescimento desportivo, financeiro e de prestígio dos últimos anos,
o atingir da mítica marca dos 30.000 sócios a que o clube chegou na passada
semana.
Dito isto, em Braga ou em qualquer outra parte
do mundo, não é “pecado” não se ser adepto do clube local, tanto mais que as
paixões clubísticas envolvem circunstâncias e condicionantes quase mais
insondáveis do que as que determinam o próprio amor em abstracto.
Mas, e este é um grande mas, mesmo para aqueles
Bracarenses que não desejem o sucesso desportivo do Braga, ou que o vejam como
uma importante ameaça às vitórias dos seus clubes de eleição, o Braga não pode
ser ignorado nas suas dimensões social, cultural e económica.
Em primeiro lugar, e sem prejuízo do trabalho
(até porque com muito menos recursos) igualmente meritório que um sem número de
colectividades realiza nesta esfera, a verdade é que, do ponto de vista
estatístico, no conjunto das diferentes modalidades, o Braga acaba por absorver
uma percentagem significativa dos jovens que aderem à prática desportiva e
beneficiam da formação social e humana que a mesma proporciona.
Em segundo lugar, a envolvência em torno do
Braga acaba por reforçar o nível de identidade da Comunidade, com os sucessos
do clube a contribuírem para o reforço da nossa auto-estima colectiva e para a
nossa afirmação fora das nossas fronteiras.
E, finalmente, o Braga gera hoje uma dinâmica
económica considerável, não apenas no âmbito dos recursos que movimenta mas,
sobretudo, na capacidade que tem de projectar a imagem do Concelho e da Região,
de funcionar como atractivo turístico e como catalisador para que muitos sintam
a curiosidade de nos visitar.
E é hoje, graças ao trabalho a que António
Salvador deu outra dimensão, um clube de Braga, muito mais do que um clube
municipal.
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