quinta-feira, 24 de maio de 2012

Braga, Cidade do Desporto?


A Associação Europeia de Capitais de Desporto (ACES) atribuiu a Guimarães o estatuto de Cidade Europeia do Desporto em 2013. Por esta via, Guimarães tornou-se na primeira cidade portuguesa a ser declarada Cidade Europeia do Desporto, vendo coroado de sucesso o pioneirismo desta candidatura, com a qual se pretendeu dar sequência ao reconhecimento patrimonial e cultural de que a cidade usufruiu e usufrui.
Pessoalmente, não alimento as disputas bairristas para lá da esfera estritamente desportiva / clubística, entendendo, como tantas vezes referi, que, numa óptica de desenvolvimento regional, o “bem dos nossos vizinhos”, nas mais diversas esferas, contribui decisivamente para o nosso bem colectivo e para o bem de Braga em particular.
Todavia, quando um qualquer Bracarense anónimo se dá conta da atribuição de mais este reconhecimento a Guimarães pode com legitimidade perguntar: E porque não Braga?
Ora, sem grande esforço, há múltiplas respostas que se podem aduzir como determinantes.
A primeira, não totalmente deslocada da verdade, é que, desta feita, os responsáveis políticos da maioria socialista Bracarense não puderam usufruir de uma proposta neste sentido dos Vereadores da Coligação “Juntos por Braga”.
No caso da Cidade Europeia do Desporto não se passou o mesmo que com a Capital Europeia da Juventude – de que esses membros da Câmara nunca tinham ouvido falar: a Oposição não lhes entregou a proposta numa bandeja de forma a que eles pudessem começar por a chumbar em reunião camarária para depois a concretizarem como sua, pouco depois das últimas Eleições Autárquicas.
A segunda, prende-se com a natureza dos equipamentos desportivos disponíveis no Concelho de Braga: então a nossa Autarquia não foi das que mais investiu em infra-estruturas desportivas ao longo dos últimos anos, qualificando a prática desportiva e catalisando o bem-estar da população de uma forma equilibrada por todo o Concelho, como até atestam os anuários estatísticos regionais divulgados?
Mas, será assim? Será que Braga dispõe de equipamentos desportivos condizentes com uma prática eclética das diversas modalidades? Ou teremos um Parque de Exposições com uma utilização muito condicionada? E um Pavilhão Multiusos que nunca saiu do papel? E uma Piscina Olímpica em que só saiu “papel” (oito milhões de Euros para ser mais preciso) e onde só entrou água da chuva? E temos ou não um dos clubes mais representativos (o ABC de Braga) a actuar num pavilhão obsoleto? E o que dizer da enorme procura insatisfeita pela prática de natação? E das dificuldades do Rugby, do futebol americano e de outras modalidades emergentes para encontrar campos de treinos e jogos compatíveis com os horários dos muitos jovens que mobilizam? E dos escassos apoios à prática de desporto pelos cidadãos com necessidades especiais (cujo reconhecimento nos últimos Galardões foi manchado pela inexistência de uma rampa de acesso ao palco no Auditório do PEB)? E da ocupação voraz de campos de futebol pelas várias equipas do Braga face à não concretização do ambicionado projecto da Academia Desportiva?
E podíamos falar da ausência de grandes eventos desportivos regulares (até a Rampa volta a estar em risco), ou da inexistência de apoios técnicos estruturados à prática desportiva e de uma política de apoios financeiros municipais, injusta e incoerente.
E tanto, tanto mais que separa a ambição de uns da realidade de outros.  

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