quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Um ano (?) num só dia

Ao fazer o balanço do ano desportivo de 2011 é incontornável fixarmo-nos no dia 18 de Maio, com a particularidade de o evento que teve lugar nesse dia ter ocorrido a alguns milhares de quilómetros daqui mas ter sido um dos mais relevantes feitos da história do desporto nacional.
A final da Liga Europa de futebol que teve lugar no Estádio Aviva (a Dublin Arena) na Irlanda, foi a 14ª partida decisiva de uma competição europeia desta modalidade que reuniu equipas do mesmo país, algo apenas alcançado pelos habituais clientes do topo do ranking europeu de clubes: Espanha, Itália, Alemanha e Inglaterra.
Aliás, não será por acaso que a partida entre o Sporting Clube de Braga e o Futebol Clube do Porto teve lugar no ano em que Portugal disputa o 5º lugar desse ranking com a França, podendo vir a beneficiar da participação de mais clubes nas mais importantes provas caso venha a superar o seu adversário nesta disputa particular.
Sob esse prisma, esta final foi o corolário mais recente do reforço da competitividade do campeonato nacional de futebol no panorama europeu, ao ponto de ver quatro dos seus principais clubes a pedir meças aos colossos europeus nas diferentes competições, como mais uma vez volta a acontecer esta época com a participação de Benfica (nos oitavos de final da Liga dos Campeões) e de Porto, Sporting e Braga (nos dezasseis avos de final da Liga Europa).
A outros níveis, esse aumento de competitividade reflecte-se também numa capacidade de investimento inusitada, em claro contra-ciclo com a realidade económica portuguesa, que tem também possibilitado a captação de jogadores de topo das principais selecções mundiais e atenuar os impactos desportivos do habitual êxodo dos melhores jogadores (e treinadores) nacionais.
Na mesma linha, poder-se-á dizer que o futebol dos clubes nacionais consegue assim manter-se ao nível da respectiva Selecção, a qual, apesar dos percalços verificados no percurso, nomeadamente na Era Queirosiana, lá conseguiu carimbar mais uma participação numa grande competição internacional – o Europeu de Futebol de 2012, a última da Era Madaíl na Federação Portuguesa de Futebol.
Mas, voltando ao dia 18 de Maio último, será porventura injusto traduzir este marco num fenómeno colectivo do futebol profissional português sem precisar o contributo de cada um dos participantes nesse dia histórico.
Em bom rigor, a base dessa afirmação do futebol nacional é precisamente o crescimento sustentado de cada um dos seus protagonistas, e, de forma particular dos dois que estiveram envolvidos nessa partida.
Se as conquistas recentes fazem do Porto um habitué destes palcos, o Sporting Clube de Braga terá vivido o momento da sua emancipação europeia: se alguns podem insistir em transformar esse episódio no mero fruto do acaso, o percurso da equipa até Dublin e o historial recente nos planos nacional e internacional fazem do Sporting Clube de Braga um adversário de respeito para qualquer adversário, imune às mudanças de treinador e à incrível (e rentável) rotação dos planteis.
Pessoalmente, depois da enorme desilusão vivida a 4 de Julho de 2004, no Estádio da Luz, na final do “nosso” Euro-2004, o dia 18 de Maio fica associado a dois momentos tão singulares quanto frustrantes, ao ver conquistas tão importantes a escapar por entre os dedos.
Mas, Alvalade 2005 e Dublin 2011 não são momentos que marquem um ano. São dias que marcam uma vida. Mesmo na certeza, que tenho, de que se vão voltar a repetir…

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