quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O futebol em Portugal - d. M.

As eleições para a Direcção da Federação Portuguesa de Futebol do próximo mês de Dezembro marcam necessariamente um ponto de viragem nesta estrutura associativa da principal modalidade desportiva no nosso País.
Afinal, cessará funções o seu actual Presidente, Gilberto Madaíl, cujo mandato se prolonga há já 15 anos, coincidindo com o período de maior sucesso e prestígio da selecção nacional de futebol, o “Clube Portugal” como entretanto passou a designar-se.
Em verdade, se todos podemos recordar a presença nos Mundiais de 66 (Inglaterra) e 86 (México) – ainda que com desempenhos radicalmente opostos – foi sob a égide de Madaíl que a Selecção Nacional marcou presença em todas as demais competições internacionais, do Euro-96 (Inglaterra, novamente) ao Mundial de 2010 (da África do Sul), com excepção do Mundial de 98 (de cuja qualificação não podemos esquecer o nome de Marc Batta, indelevelmente associado ao empate com a Alemanha no jogo decisivo).
De então para cá, a Selecção Portuguesa juntou-se ao restrito clube da elite internacional que marcou presença em todas as competições e, em boa parte dos casos, em condições de disputar as provas e com desempenhos globalmente positivos, ainda que, por razões várias, aquém do que seria possível esperar em algumas dessas situações.
Dai que vejamos a quase totalidade da dita “Geração de Ouro” do futebol português a pendurar as chuteiras sem que qualquer troféu tenha sido trazido para o nosso País, ou aqui retido como podia (e devia) ter acontecido no Euro-2004.
Ao longo desta década e meia, novos valores emergiram e a Selecção Nacional conseguiu guindar-se a um elevado patamar de qualidade futebolística, de desempenho desportivo e de retorno financeiro, transformando esta vertente da actuação da Federação numa verdadeira máquina de fazer dinheiro, capaz mesmo de compensar os “luxos” novo-riquistas exibidos em múltiplas circunstâncias, como mais uma vez ficou patente no Estágio que antecedeu o Mundial da África do Sul.
Antes, já a Selecção se demonstrara capaz de atrair e remunerar – também com o apoio de parceiros empresariais – um treinador com a cotação internacional do então Campeão do Mundo, Luiz Felipe Scolari, com o qual viveu também um dos períodos de maior mobilização popular dos tempos recentes.
Também sob a égide de Gilberto Madaíl, a Selecção Nacional abriu-se a uma primeira vaga de “naturalizações de jogadores nascidos no Brasil”, em linha com a tendência de globalização que marca a generalidade das modalidades em quase todos os países mundiais.
No reverso da medalha, o período de gestão de Madaíl ficou marcado por várias ocorrências menos abonatórias para a imagem da Selecção, as quais – como mais uma vez aconteceu há bem pouco tempo – nunca mereceram uma atitude credibilizadora, disciplinadora e exemplar de quem decide na estrutura federativa. À cabeça destes episódios, a agressão de Scolari a um jogador sérvio foi o exemplo claro da prioridade dada à vertente económica da gestão da Selecção Nacional em detrimento de outros valores porventura exigíveis e mais relevantes.
Com o futebol profissional doméstico entregue à respectiva Liga desde momento anterior à chegada de Madaíl, a gestão do actual Presidente da FPF ficou marcada pela indefinição e falta de consenso em torno dos modelos competitivos dos demais patamares do futebol nacional e por sucessivas queixas da falta de apoio cabal à formação desportiva.
Para lá destes e dos múltiplos problemas que se arrastam há décadas, por exemplo, ao nível da representatividade internacional, da arbitragem, das infra-estruturas, da formação dos dirigentes e demais agentes desportivos, a nova Direcção da FPF também terá que lidar com a emergência e novos fenómenos, como o futebol feminino ou a dinâmica crescente do Futsal.
Mas, estou certo, tudo o mais será perdoado, assim a Selecção Nacional seja capaz de conquistar o título que persegue, se possível, já na final de Kiev, em Julho de 2012.

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