quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Ainda o apoio à formação desportiva

Num meio (o do Desporto) em que o hoje é verdade amanhã costuma ser mentira, permito-me retomar a colaboração com este espaço de opinião sobre as temáticas desportivas com um tema que me é particularmente caro e em que preservo a mesma opinião de há já vários anos a esta parte: os apoios públicos à formação desportiva.
Na agenda da reunião do Executivo Municipal de Braga desta semana encontra-se um Contrato-Programa com o ABC de Braga que ascende aos 400.000 Euros, precisamente para o apoio à formação desportiva promovida por esta relevante colectividade Bracarense na modalidade de Andebol junto de algumas centenas de jovens atletas locais. O contrato em questão corresponde aos apoios municipais para as próximas duas épocas desportivas.
Como é sabido, a Câmara Municipal de Braga celebra também um contrato anual com o Sporting Clube de Braga que ascende ao dobro deste valor e tem também Contratos-Programa em vigor com o Hóquei Clube de Braga e o Merelinense Futebol Clube.
A estes apoios directos, juntam-se outros apoios muito pontuais, de valores substancialmente inferiores e normalmente dissimulados de colaborações financeiras na organização de determinados eventos, a outras colectividades locais, predominantemente orientadas para a modalidade de futebol.
Como tantas e tantas vezes pude frisar, apesar de lamentar que estes apoios não sigam uma lógica de atribuição mais transparente – regulamentada, até -, jamais questionei a justeza dos mesmos, enfatizando apenas a necessidade de que esta política pudesse abranger várias outras colectividades Bracarenses, de diferentes Freguesias, inclusive de outras modalidades, que prestam um serviço igualmente valoroso na formação social e humana dos nossos jovens.
A aprovação unânime dos apoios atribuídos em sede de Executivo Municipal e os múltiplos reparos à omissão dos demais clubes que apostam nas camadas jovens devia levar a maioria socialista a reflectir seriamente sobre esta matéria.
E, se a mesma pode alegar que poucos concelhos dispõem de infra-estruturas desportivas com a qualidade daquelas que Braga hoje exibe, poder-se-á perguntar se o maior contributo para a prossecução das actividades destes clubes advém dessas infra-estruturas ou de outros meios, imateriais até, em que poderiam ser convertidos os apoios financeiros resultantes dos eventuais contratos-programa a celebrar com a Autarquia.
Aliás, basta atender ao facto de que o potencial de rendibilização desses equipamentos diminui em linha com a degradação do poder de compra e com o agravamento dos custos da sua manutenção, para perceber que em muitas circunstâncias os mesmos são verdadeiros “presentes envenenados”.
A juntar a estes aspectos, há que registar a estóica emergência de novas colectividades em modalidades diferenciadoras, como recentemente sucedeu com os Maximinos Warriors (Futebol Americano) e o o Braga Rugby, que já movimentam algumas dezenas de atletas e participam ou pretendem participar em competições de cariz oficial.
Por todos estes motivos, a aproximação da Capital Europeia da Juventude – Braga 2012 devia ser também um momento de reorientação das políticas municipais nesta esfera, em tributo aos jovens de Braga e como forma de compromisso com o futuro do nosso Concelho.

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