Olhemos para Portugal e para a Selecção que vai
sendo cada vez mais Nacional à medida que os resultados surgem de feição e que
a equipa vai ultrapassando sucessivos adversários no Euro 2012.
Tal como referia no meu artigo anterior, pese
embora contemos nas nossas fileiras com o melhor jogador europeu e com vários
outros de nível mundial, poucos eram os portugueses que depositavam reais
esperanças no nosso desempenho nesta competição.
Mas, nesse mesmo texto, não deixava de admitir
que esse estatuto de colectivo não favorito podia até jogar a nosso favor, a
exemplo do que sucedeu com outras equipas noutras competições durante esta
época.
Depois de um arranque titubeante contra a
Alemanha, em que é difícil dizer que o “massacre” final traduziria a feição do
jogo caso a equipa tivesse entrado com outra atitude – nesta como em outras
“ciências” só em laboratório é que se consegue isolar os efeitos de uma só
variável -, as melhorias foram sensíveis contra a Dinamarca e a Holanda.
No primeiro caso, com alguma displicência
inicial e alguma fortuna no final, o resultado acabou por configurar a
diferença justa de valores das equipas em contenda.
No segundo caso, o golo holandês espicaçou-nos
para uma exibição de gala, apenas comparável nos tempos mais recentes à da
goleada à Espanha, que agora se deseja repetir no próximo dia 27 (assim a
Ibéria esteja duplamente representada nessa meia-final).
Nesta fase de grupos, muito se escreveu e disse
sobre o papel e o desempenho da nossa principal estrela, Cristiano Ronaldo, no
quadro da actuação global da Selecção.
Sem entrar na dicotomia esquizofrénica entre o
“bestial” e a “besta”, há dados que são factualmente incontestáveis: por mais
que Ronaldo vá galgando degraus nas estatísticas dos melhores de sempre do
futebol português – e só poderia ser assim para quem participa neste patamar
competitivo de topo desde muito novo (este é já o seu 3º Europeu) -, Cristiano
raramente se apresenta na Selecção Nacional ao nível que se exibe nos clubes
que representa.
E, neste particular, custa-me subscrever a tese
da pressão que tem “sobre os seus ombros” porque, como bem demonstra o passado
recente, raramente CR7 “carregou a equipa às costas” ou foi o elemento que fez
a diferença. Mesmo no jogo da Holanda, em que foi justamente considerado o
melhor em campo, Ronaldo teve ao seu lado vários colegas com exibições
soberbas, desde a linha defensiva, passando pelo meio-campo, até ao outro
extremo do ataque.
Neste âmbito, o que se deve esperar do nosso
melhor jogador é que seja capaz de compensar os dias maus dos seus colegas e
que, nos seus dias bons, demonstre o porquê de estar em condições de disputar o
título de melhor jogador mundial com alguém tão fora-de-série como Lionel
Messi. Com humildade, espírito de equipa, entrega e concentração e a
genialidade que se lhe reconhece.
E isto, pouco tem a ver com falhar um ou mais
golos de baliza aberta em momentos determinantes dos jogos, como aconteceu com
Ronaldo no jogo da Dinamarca. Aliás, ao longo dos anos, quantos dos melhores do
mundo não falharam até penalties em finais?
Para o que resta desta prova, a sensação /
esperança que fica é que Portugal tem sido capaz de fazer bons desempenhos
mesmo sem “O” Ronaldo, razão pela qual se pode esperar tudo se ele (e a equipa)
mantiver a bitola exibida frente à Holanda.
Tudo, mesmo!... Força, Portugal!
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