No plano estritamente desportivo, acompanharei
este Europeu de Futebol com o mesmo entusiasmo e apreço com que sempre segui as
grandes competições internacionais, reiterando a convicção de que “o Mundial
sem o Brasil e a Argentina” continuará a ser uma prova espectacular para todos
os amantes da modalidade.
Desta feita não houve sequer surpresas de maior
no apuramento e estarão presentes as melhores equipas do Continente,
representando mesmo os diferentes quadrantes geográficos: os nórdicos (Suécia e
Dinamarca), o centro da Europa (França, Alemanha e Holanda), os representantes
da Europa do Leste (dos anfitriões -Ucrânia e Polónia- à Rússia, Rep. Checa ou
Croácia), os Britânicos e seus vizinhos (Irlanda e Inglaterra), a franja do
Mediterrâneo (Portugal, Espanha, Itália e Grécia).
A título individual, sabemos que as sempre
arreliadoras lesões (muitas delas de última hora) acabam por privar as
diferentes selecções e os espectadores do contributo de algumas das potenciais
estrelas da competição (como é o caso de Villa ou Gerrard). Mas há também as
opções questionáveis, os castigos e até problemas com a justiça, como aconteceu
com o Italiano Criscito.
Seja como for, sobra muita qualidade para
proporcionar excelentes desafios, numa competição em que apesar da qualidade
reconhecida a várias equipas (mas com vantagem para Espanha e Holanda – as
finalistas do último Mundial) tudo pode em tese acontecer.
E, entrando no domínio afectivo da nossa
Selecção, é isso que nos pode animar. Afinal, apesar de contarmos com o melhor
jogador europeu e com alguns outros jogadores do topo mundial, a equipa tarda
em afirmar-se como um colectivo forte e mais parece entregue ao azar do destino
que a colocou no “Grupo da morte”, junto com a Dinamarca, Holanda e Alemanha.
Para cúmulo, depois dos resultados e exibições
dos últimos particulares, a mesma parece ter perdido a confiança e é já alvo do
desprezo dos seus principais rivais.
Ora, numa temporada em que a nível nacional e
internacional se viu equipas favoritas a tombarem perante adversários
pragmáticos e lutadores nas finais de diversas competições, restar-nos-á talvez
aspirar a ser uma espécie de Grécia do Europeu do nosso desencanto.
A este propósito, Portugal parte até para esta
competição sem a identificação maciça dos cidadãos nacionais, provavelmente
mais entretidos com as agruras do dia-a-dia do que com o titubeante desempenho
da equipa de todos nós.
Aliás, em contraponto à imagem da “Selecção porta-bandeira do orgulho ferido de
uma Nação e elemento revitalizador do nosso ânimo colectivo” que se queria
promover através de campanhas como a da GALP, parece estar a ter mais
acolhimento a revolta contra a opulência exagerada dos nossos representantes
(que terão o maior custo de alojamento de entre todos os participantes na
prova).
Aqui, para Portugal e muitos outros países
presentes não deixa de ser curioso que o esforço para permanecer no Euro seja
muito menor no rectângulo de jogo do que em outros campos de batalha…
Amanhã, às 17:00 horas, a bola vai começar a
rolar. E assim continuará, de forma quase ininterrupta, até à noite do próximo
dia 1 de Julho.
Quanto aos nossos, como na música dos Del Amitri
que serviu de hino à participação da Escócia no Mundial de 1998, resta-nos
cantar: "Don’t come home too soon…”
Sem comentários:
Enviar um comentário