A Associação Europeia de Capitais de Desporto
(ACES) atribuiu a Guimarães o estatuto de Cidade Europeia do Desporto em 2013. Por
esta via, Guimarães tornou-se na primeira cidade portuguesa a ser declarada
Cidade Europeia do Desporto, vendo coroado de sucesso o pioneirismo desta
candidatura, com a qual se pretendeu dar sequência ao reconhecimento
patrimonial e cultural de que a cidade usufruiu e usufrui.
Pessoalmente, não alimento as disputas
bairristas para lá da esfera estritamente desportiva / clubística, entendendo,
como tantas vezes referi, que, numa óptica de desenvolvimento regional, o “bem
dos nossos vizinhos”, nas mais diversas esferas, contribui decisivamente para o
nosso bem colectivo e para o bem de Braga em particular.
Todavia, quando um qualquer Bracarense anónimo
se dá conta da atribuição de mais este reconhecimento a Guimarães pode com
legitimidade perguntar: E porque não Braga?
Ora, sem grande esforço, há múltiplas respostas
que se podem aduzir como determinantes.
A primeira, não totalmente deslocada da verdade,
é que, desta feita, os responsáveis políticos da maioria socialista Bracarense
não puderam usufruir de uma proposta neste sentido dos Vereadores da Coligação
“Juntos por Braga”.
No caso da Cidade Europeia do Desporto não se
passou o mesmo que com a Capital Europeia da Juventude – de que esses membros
da Câmara nunca tinham ouvido falar: a Oposição não lhes entregou a proposta
numa bandeja de forma a que eles pudessem começar por a chumbar em reunião
camarária para depois a concretizarem como sua, pouco depois das últimas
Eleições Autárquicas.
A segunda, prende-se com a natureza dos
equipamentos desportivos disponíveis no Concelho de Braga: então a nossa
Autarquia não foi das que mais investiu em infra-estruturas desportivas ao
longo dos últimos anos, qualificando a prática desportiva e catalisando o
bem-estar da população de uma forma equilibrada por todo o Concelho, como até
atestam os anuários estatísticos regionais divulgados?
Mas, será assim? Será que Braga dispõe de
equipamentos desportivos condizentes com uma prática eclética das diversas
modalidades? Ou teremos um Parque de Exposições com uma utilização muito
condicionada? E um Pavilhão Multiusos que nunca saiu do papel? E uma Piscina
Olímpica em que só saiu “papel” (oito milhões de Euros para ser mais preciso) e
onde só entrou água da chuva? E temos ou não um dos clubes mais representativos
(o ABC de Braga) a actuar num pavilhão obsoleto? E o que dizer da enorme
procura insatisfeita pela prática de natação? E das dificuldades do Rugby, do
futebol americano e de outras modalidades emergentes para encontrar campos de
treinos e jogos compatíveis com os horários dos muitos jovens que mobilizam? E
dos escassos apoios à prática de desporto pelos cidadãos com necessidades
especiais (cujo reconhecimento nos últimos Galardões foi manchado pela
inexistência de uma rampa de acesso ao palco no Auditório do PEB)? E da
ocupação voraz de campos de futebol pelas várias equipas do Braga face à não
concretização do ambicionado projecto da Academia Desportiva?
E podíamos falar da ausência de grandes eventos
desportivos regulares (até a Rampa volta a estar em risco), ou da inexistência
de apoios técnicos estruturados à prática desportiva e de uma política de
apoios financeiros municipais, injusta e incoerente.
E tanto, tanto mais que separa a ambição de uns
da realidade de outros.
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