Sempre
nutri especial admiração por todos aqueles que desenvolvem a sua actividade a
título voluntário, a expensas de recursos e tempo próprios, na gestão de todo o
tipo de colectividades que prestam um serviço às comunidades, sejam elas Associações
Culturais, Recreativas ou Juvenis, IPSS, Centros Paroquiais ou Clubes
Desportivos, entre outras.
Nessa
lógica absolutamente amadora é possível encontrar alguns dos melhores gestores
do País, na pessoa de todos quantos são capazes de realizar verdadeiros
milagres, de forma a transformar recursos normalmente escassos ou inexistentes,
em soluções criativas que viabilizam realizações de um valor incomensurável
para os meios em que se encontram inseridos.
Atente-se
ao caso particular das colectividades amadoras e, em especial, daquelas que
assumem um papel preponderante no apoio à formação desportiva dos jovens do
País (e obviamente do Concelho).
Com que
dificuldades não conseguem os seus dirigentes fazer face ao vasto rol de
encargos com que têm que se deparar para assegurar o seu regular funcionamento?
Água, Gás, Luz, Inscrições nas Associações/Federações, Segurança, Equipamentos,
Limpeza de Equipamentos, Seguros, Apoio Médico, Transporte, Alimentação são
apenas algumas das fontes de despesa que tocam à generalidade dos clubes, na
proporção do número de equipas e jovens que movimentam.
Em
contrapartida, as receitas costumam ter um âmbito diminuto: apoios pontuais das
Juntas de Freguesia, patrocínios quase simbólicos ou pequenas ajudas recolhidas
junto das famílias dos atletas.
À medida
que se agrava a conjuntura económica a situação é ainda mais grave, na medida
em que rareiam os apoios da vertente empresarial e que as próprias Autarquias
Locais (nomeadamente as Juntas de Freguesia) se vêem forçadas a canalizar
apoios para outros campos de intervenção prioritária, mormente na esfera
social.
Perante
estas circunstâncias, ou os clubes têm uma base sólida mínima de apoio
financeiro – normalmente graças a apoios prestados pelas Câmaras Municipais
(com exemplos como os que há muito existem em Autarquias como Vila Nova de
Famalicão, Vila Verde ou Barcelos e a que Braga só recentemente aderiu depois
de quase uma década de luta das Oposição e dos clubes) – ou a sua gestão segue
o exemplo de qualquer outra entidade de cariz empresarial: reduz-se a
actividade ou declara-se a “insolvência”.
Mais a
mais, quando procuramos garantir o acesso de toda a população jovem aos
benefícios da formação desportiva, potenciar talentos, assegurar uma oferta
eclética de modalidades e uma dispersão geográfica cabal da mesma, os desafios
são acrescidos.
Por todas
estas razões, o caminho só pode ser um: não o de criar uma dependência estrita ou
o de sustentar artificialmente projectos inviáveis, mas sim o de recompensar as
iniciativas meritórias que, também no campo desportivo, demonstram igual rigor,
arrojo, esforço e capacidade de mobilização de recursos e vontades.
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