De entre os vários desígnios das políticas
desportivas, já muitas vezes defendi neste espaço a necessidade de promover um
apoio contínuo à formação de jovens atletas e a criação de condições para a
afirmação do potencial dos nossos praticantes de maior valor nas diferentes
modalidades.
Hoje, opto por focar a atenção numa outra
vertente muitas vezes descuidada mas que julgo igualmente merecedora de um
conjunto de iniciativas no quadro das políticas públicas para o desporto: a
promoção de um acesso equitativo à prática desportiva por atletas de ambos os
sexos.
Para muitos, esta poderá mesmo ser considerada
uma não questão, na medida em que não se pode identificar bloqueios efectivos à
prática do desporto por elementos do sexo feminino. Todavia, se analisarmos os
dados estatísticos disponíveis verificamos que o desequilíbrio é ainda
evidente.
A título de exemplo, note-se que há apenas 65
atletas femininas do concelho de Braga inscritas na Associação de Atletismo e
repartidas por todos os escalões etários, dos benjamins aos veteranos.
No futebol, curiosamente, há apenas uma atleta
registada pelo Arsenal Clube da Devesa enquanto no futsal Braga tem 3 equipas
inscritas (Priscos, Esporões e Figueiredo) para um total de 44 atletas.
Nas outras modalidades, merece igualmente
destaque o voleibol, o basquetebol e o hóquei, sendo porém evidente o défice
face ao sector masculino.
Em Braga, de forma particular, os estímulos para
o reforço da prática desportiva no feminino podem bem alicerçar-se no histórico
de sucessos que a mesma sempre propiciou nas mais diversas modalidades.
Ao longo dos anos, Braga vibrou com as braçadas
olímpicas da Ana Alegria, com as passadas determinadas das meninas da Sameiro
que tantas conquistas registaram, com os ataques certeiros das nossas
voleibolistas nos diferentes escalões etários…
Ainda este ano, como esquecer o notável
desempenho da Jéssica Augusto na Maratona dos Jogos Olímpicos de Londres que a
fez credora do justo reconhecimento municipal na habitual sessão do Dia de S.
Geraldo?
E porque não lembrar que, na última reunião do
ano do Executivo Municipal, foram também destacados os créditos de Rita Vilaça
– Vice-campeã nacional de ténis – e de Mélissa Antunes – membro destacado da
selecção nacional de futsal que ficou em 2º lugar no Torneio Mundial
recentemente disputado?
A margem de progressão é seguramente
significativa, requerendo porventura uma maior articulação com o desporto
escolar e universitário e a criação de estímulos adicionais à inscrição de
atletas femininas, mediante uma majoração dos apoios agora atribuídos pela
Autarquia.
Sem comentários:
Enviar um comentário