A quatro jornadas do fim
da prova, com menos cinco pontos (que são na prática seis) do que o líder e
ainda a um ponto (que são dois em caso de igualdade) do segundo classificado, o
Sporting Clube de Braga parece ter visto novamente adiado o sonho da conquista
do campeonato.
Para os adeptos do
clube, este é um momento particularmente amargo, tanto mais que não foi sequer
possível desfrutar uma liderança conquistada a pulso, depois de uma série
extraordinária de vitórias consecutivas e de exibições que conquistaram o
apreço de qualquer comentador independente.
O futebol é, porém, um
contínuo carrossel, reiterando sistematicamente a consagrada ideia de que as
“bestas” de hoje são os “bestiais” de amanhã e vice-versa.
Para quem acompanha os
comentários que se seguiram à dupla derrota com os outros candidatos ao título,
o “Bragão” que enchia os relvados com desempenhos de alto gabarito, capazes de
vergar qualquer adversário, voltou a ser o “Braguinha”, a equipa ainda incapaz
de competir com os “Grandes” e de ter estofo para estas pelejas.
Mesmo a título
individual, o artilheiro Lima foi incapaz de ampliar distâncias para o inócuo
Cardozo que se exibiu nestas duas últimas jornadas; tal como em Dublin, Mossoró
voltou a falhar o golo decisivo na ocasião que parecia impossível desperdiçar; até
o genial Hugo Viana – por muitos considerado o melhor médio do campeonato – se
“vulgarizou” e assumiu o papel de “coveiro” da equipa na partida caseira contra
o Porto, como que oferecendo o golo ao adversário.
Em sentido contrário,
Quim redimiu-se do “acidente de Barcelos”, juntando a várias outras boas
defesas um dos momentos mais belos da época, quando negou a Hulk um golo tão
extraordinário quanto a defesa que efectuou.
Voltando ao plano
colectivo, o Braga destes dois últimos jogos não foi de facto uma equipa
verdadeiramente afirmativa e em linha com o que as circunstâncias exigiam e a
singularidade do momento justificava.
A questão não se põe
tanto no plano exibicional, dado que em qualquer das partidas a equipa até
dispôs de boas oportunidades para marcar e nunca foi “encostada às cordas”
pelos adversários, mas sobretudo ao nível da atitude e da postura com que os
jogos foram encarados.
Afinal, não transpareceu
o querer e o recurso à reserva última de energias para ultrapassar as
adversidades, como em certo sentido o Benfica demonstrou na partida do Estádio
da Luz e que lhe valeu uma (então) preciosa vitória. Na segunda partida, ao
Porto bastou ser mais matreiro e experiente para “matar” o jogo sem ter que
fazer uma exibição extraordinária.
Na antevisão do jogo da
Luz, Leonardo Jardim disse que “normalmente,
quem joga para empatar, acaba por perder”. O jogo deu-lhe razão?
Mais uma vez, como em
tantas ocasiões anteriores, o Braga viu ser-lhe escamoteada uma grande
penalidade, com o resultado em 0-0 a cerca de vinte minutos do fim o jogo.
Segundo o critério de alguns, e a ser concretizada, seria porventura bem mais
decisiva que qualquer outra não assinalada no primeiro minuto de um jogo.
Seja como for, não é
tempo de chorar sobre o título derramado. Mesmo considerando que a matemática e
o calendário ainda permitem todo o tipo de conjecturas, o que deve sobressair é
o contínuo crescimento do Clube e o respeito que hoje já granjeia a nível
nacional e internacional.
O futuro é inexorável e
o Braga ficou duas semanas mais perto da conquista do seu primeiro campeonato,
Que não vai tardar.
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