Quem costuma acompanhar
a minha colaboração com este espaço teve já oportunidade de conhecer o meu
apoio e compromisso para com as políticas de apoio à formação desportiva,
enquanto instrumento de fomento da prática desportiva, de ocupação dos tempos
livres e de formação social e humana dos nossos jovens.
Para lá dessa
perspectiva de cariz “comunitário”, a lógica da valorização da formação
desportiva pode ser também entendida enquanto aposta estratégica na
identificação e apoio à afirmação de jovens talentos nas diferentes modalidades
desportivas.
Afinal, se é certo que
há também exemplos de vocações tardias para a prática bem sucedida de diversos
desportos, não é de estranhar que a esmagadora maioria dos atletas que atingem
o patamar máximo das suas modalidades a nível competitivo tenham seguido um
árduo caminho de prática desse desporto desde tenra idade.
Mas, a juntar a estas
duas perspectivas, há ainda que ter em conta a questão da competitividade e da
sustentabilidade financeira das próprias colectividades, na generalidade das
modalidades desportivas, nomeadamente no que concerne ao seu desempenho nas
competições seniores, sejam estas profissionais ou amadoras.
Cada vez mais, as
dificuldades económicas inerentes à quebra de receitas publicitárias bem assim
como do número de espectadores e associados, limita a capacidade de
recrutamento de jogadores de maior valia, obrigando a uma aposta crescente na
formação “in-house” de atletas de valor ou na optimização dos departamentos ou áreas
de prospecção de jovens talentos.
Mesmo numa lógica
estritamente financeira, se olharmos para as modalidades em que a prática
desportiva e associa a um forte dinamismo económico – o que varia também de
país para país -, o êxito e a sobrevivência de muito clubes assenta na
capacidade de recrutarem bons jogadores a custo reduzido, promoverem a sua
valorização e concretizarem negócios que proporcionem significativas
mais-valias.
No caso de clubes de
pequena / média dimensão, um bom negócio numa transferência de um atleta dos
seus quadros pode proporcionar uma receita equivalente a todo o orçamento de
uma dada época.
Se olharmos para clubes
de maior nomeada, a capacidade de rentabilização dos avultados investimentos
realizados passa também pela capacidade de geração de significativas
mais-valias nas transferências dos seus activos, cuja amplitude será tanto
maior quanto menor o custo de “aquisição” dos mesmos, o que remete naturalmente
para a necessidade de “comprar bem” ou “formar melhor”.
Não será por acaso,
aliás, que a nível internacional e tomando como principal exemplo o que se
passa no futebol (embora não em exclusivo nesta modalidade) se vê uma aposta
crescente de recrutamento de atletas dos principais mercados fornecedores
(África, América do Sul e mesmo os países da segunda linha do futebol Europeu)
para engrossar as próprias fileiras das equipas da formação.
Além desse aspecto
estratégico há ainda que ter em conta as condicionantes impostas na inscrição
das equipas nas principais competições de clubes europeias, como acontece com
os requisitos existentes ao nível dos designados “atletas formados localmente”.
Por qualquer das razões
anteriores, parece claro que é do interesse de Braga e do Sporting Clube de
Braga uma aposta crescente na formação desportiva, capaz de potenciar a
realização de mais-valias financeiras e a integração de atletas nas equipas
principais.
E, porque não, como
agora acontece com a equipa de Juniores, para lutar pela conquista de títulos
nacionais…
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