1. Na noite da passada
Segunda-feira, cerca de dez mil adeptos Bracarenses resolveram encarar a gélida
pedreira, não para presenciar um qualquer desfile festivo de máscaras mas numa
verdadeira expectativa de antecipação da Quaresma, traduzida na redenção da sua
equipa de futebol depois de uma série de resultados menos animadores.
Todavia, a sua expectativa voltou a sair
totalmente frustrada, com uma noite coroada com uma derrota comprometedora
contra um surpreendente adversário directo na luta pelo acesso à Champions, na
sequência de uma sucessão de falhas individuais e debilidades colectivas.
No banco, com a mesma impotência revelada em
outras ocasiões – neste e em outros clubes-, mantém-se um cavalheiro por quem
nutro especial apreço pela sua conduta pessoal, mas que vem deixando muito a
desejar do ponto de vista do seu desempenho (tanto quanto o mesmo pode ser
aferido pelos resultados efectivos das equipas que orienta).
Assim, e sem que as culpas possam ser única e
exclusivamente imputadas ao treinador, o Braga prossegue uma época sem especial
chama, e em que diversos objectivos foram já irremediavelmente abandonados.
Ao lado, para angústia de muitos adeptos
Bracarenses, segue-se uma parada de outros técnicos que por cá deixaram boas recordações,
com especial ênfase para a recente disponibilidade de Domingos Paciência e
Leonardo Jardim.
E, nas bancadas do AXA, como no velho anúncio da
Diane, lá se vai murmurando: “-E nós a
vê-los passar…”
2. Ainda assim, se a noite
foi negra dentro de campo, será caso para dizer que Braga voltou a mergulhar
nas trevas por aquilo que se passou nas bancadas.
Aqui, há que dizê-lo de uma forma absolutamente
taxativa: nada, absolutamente nada, pode justificar aquele tipo de
comportamento por parte de adeptos do nosso Clube.
Em primeiro lugar, porque o crescimento que o
Sporting de Braga tem conseguido no plano desportivo e financeiro tem que ser
consolidado com um conjunto de posturas dignas de um clube efectivamente grande
e de dimensão europeia, nas quais se inclui necessariamente a conduta dos seus
adeptos dentro e fora de portas.
Em segundo lugar, porque não é apenas a imagem
do clube que está em causa mas de todo o Concelho. Da mesma forma que captamos
os benefícios do lado bom que a projecção do Braga proporciona, este tipo de
atitudes mancha a imagem de todas as gentes Bracarenses, face à reprodução que
tais incidentes sempre merecem nos órgãos de comunicação social.
Finalmente, há que relembrar que – qualquer que
seja o enquadramento - estes episódios começam a ser demasiado frequentes,
estendendo-se de disputas com rivais directos a inócuas partidas com o
Belenenses na II Liga.
Ora, mais que a má reputação associada, estas
ocorrências comportam um claro risco para o comum dos adeptos que, como vem
sendo prática crescente, deseja acompanhar o clube nas suas deslocações,
porquanto incitam à violência e à vingança indiscriminada.